terça-feira, 28 de agosto de 2012

 

A carta que Getúlio Vargas deixou ao se suicidar

 

Existem duas versões da carta de Getúlio Vargas: uma manuscrita, bastante concisa, e outra mais longa, datilografada, que foi distribuída para a imprensa como a mensagem oficial do político ao povo brasileiro.

A versão datilografada é atribuída ao jornalista José Soares Maciel Filho. De fato, Maciel Filho confirmou à família do presidente que datilografou a versão lida para a imprensa, mas nada disse sobre tê-la modificado.
VERSÃO MANUSCRITA:
“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde…”

CARTA DATILOGRAFADA:
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fi z-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”

Funeral de Getúlio Vargas

suicidio de vargas




O suicídio de Vargas e a presença do Estado na economia brasileira Getúlio limitou a remessa de lucros, um pretexto à articulação do golpe que o levou à morte. Jornal do BrasilMauro Santayana Publicidade Em 24 de agosto de 1954, os homens de minha geração chegavam à maioridade. Naquele dia, pela manhã, cheguei ao Rio, enviado pelo Diário de Minas, de Belo Horizonte, a fim de cobrir o velório de Vargas e a reação do povo carioca ao suicídio do presidente. A presidente Dilma Rousseff era uma menina de seis anos. Não poderia saber o que significava aquele gesto de um homem que mal passara dos 70, e ocupara o centro da vida brasileira durante os últimos 24 anos. As jornadas anteriores haviam sido enganosas, o que costuma ocorrer na História, desde o episódio famoso da frustrada queda de Richelieu. Os meios de comunicação haviam ampliado o suposto atentado contra Carlos Lacerda — obscuro até hoje — e atribuído a responsabilidade ao presidente, tentando fazer crer que o palácio do governo se transformara em valhacouto de ladrões e assassinos. Houve quase unanimidade contra Getúlio. Quando passei pela Praça 7, em Belo Horizonte, a caminho do aeroporto da Pampulha, entre manifestantes de esquerda, um jovem sindicalista, meu amigo, pedia aos gritos, pelo megafone, a prisão do presidente. Desci do táxi e lhe dei a notícia, com os avisos de meu pressentimento: dissolvesse o grupo, antes que os trabalhadores, ao saber da morte do presidente, reagissem na defesa do líder desaparecido. Durante a viagem ao Rio, que durava hora e meia, organizei minhas ideias. Entendi, em um instante, que a ação coordenada contra Vargas nada tinha a ver com o assassinato de um oficial da Força Aérea, transformado em guarda-costas do jornalista Carlos Lacerda — isso, sim, ato irregular e punível pelos regulamentos militares. Lacerda, ferido no peito do pé, não permitiu que o revólver que portava fosse periciado pela polícia. Açulada e acuada pela grande imprensa, a polícia nunca investigou o que realmente houve na Rua Tonelero. Vargas fora acossado pelos interesses dos banqueiros e grandes empresários associados ao capital norte-americano. Ao ouvir, pelo rádio, a leitura de sua carta, não tive qualquer dúvida: Getúlio se matara como ato de denúncia, não de renúncia. Morrera em defesa do desenvolvimento soberano de nosso povo. Sei que não basta a vontade política do governante para administrar bem o Estado. Mas uma coisa parece óbvia a quem estuda as relações históricas entre o Estado e a Nação: o Estado existe para buscar a justiça, defender os mais frágeis, promover a igualdade entre todos. Por isso, algumas medidas anunciadas pelo governo inquietam grande parcela dos brasileiros bem informados. É sempre suspeito que os grandes empresários aplaudam, com alegria, uma decisão do governo. Posso imaginar a euforia dos lobos junto a uma ninhada de cordeiros. Quando os ricos aplaudem, os pobres devem acautelar-se. O regime de concessões vem desde o Império. As vantagens oferecidas aos investidores ingleses, no alvorecer da Independência, levaram à Revolução de 1842, chefiada pelo mineiro Teófilo Ottoni e pelos paulistas Feijó e Rafael Tobias de Aguiar, e conhecida como a Revolução do Serro, em Minas, e de Sorocaba, em São Paulo. O Manifesto Revolucionário, divulgado em São João del Rei por Teófilo Ottoni, e assinado por José Feliciano Pinto Coelho, presidente da província rebelde, é claro em seu nacionalismo, ao denunciar que os estrangeiros ditavam o que devíamos fazer “em nossa própria casa”

quarta-feira, 22 de agosto de 2012



                                  Revolução de 1930


A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.[1]
Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança com os mineiros, conhecida como política do café-com-leite, e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas.[2]
Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da República que deram a vitória ao candidato governista, que era o presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado.
Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha.

Getúlio Vargas - Documentário (1974)

Tenentismo

terça-feira, 21 de agosto de 2012



Introdução

O tenentismo foi um movimento social de caráter político-militar que ocorreu no Brasil nas décadas de 1920 e 1930, período conhecido como
República das Oligarquias. Contou, principalmente, com a participação de jovens tenentes do exército.

O que defendiam 

Este movimento contestava a ação política e social dos governos representantes das oligarquias cafeeiras (coronelismo). Embora tivessem uma posição conservadora e autoritária, os tenentes defendiam reformas políticas e sociais. Queriam a moralidade política no país e combatiam a corrupção.

O movimento tenentista defendia as seguintes mudanças: 


- Fim do voto de cabresto (sistema de votação baseado em violência e fraudes que só beneficiava os coronéis);

- Reforma no sistema educacional público do país;
- Mudança no sistema de voto aberto para secreto;

Revoltas 

Os tenentistas chegaram a promover revoltas como, por exemplo, a revolta dos 18 do Forte de Copacabana. Nesta revolta, ocorrida em 5 de julho de 1922, foi durante combatido pelas forças oficiais. Outros exemplos de revoltas tenentistas foram a Revolta Paulista (1924) e a Comuna de Manaus (1924). A Coluna Prestes, liderada por Luis Carlos Prestes, enfrentou poucas vezes as forças oficiais. Os participantes da coluna percorreram milhares de quilômetros pelo interior do Brasil, objetivando conscientizar a população contra as injustiças sociais promovidas pelo governo republicano.

Enfraquecimento do tenentismo 

O movimento tenentista perdeu força após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Vargas conseguiu produzir uma divisão no movimento, sendo que importantes nomes do tenentismo passaram a atuar como interventores federais. Outros continuaram no movimento, fazendo parte, principalmente, da Coluna Prestes. 

 

 

O Segundo 5 de julho

No governo de Arthur Bernardes, em 1924, houve em São Paulo outro tenentismo, o Segundo 5 de julho. Esse movimento, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem definidos. Os tenentes exigiam:

·        A moralização da República por meio do voto secreto;

·        A real autonomia dos três poderes;

·        A obrigatoriedade do ensino primário e profissional;

·        O respeito às leis e à justiça.

Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa, os rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.
 Reprimidos pelas tropas governistas, cerca de mil rebeldes formaram a coluna paulista e deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná.
Depois
O Segundo 5 de julho

No governo de Arthur Bernardes, em 1924, houve em São Paulo outro tenentismo, o Segundo 5 de julho. Esse movimento, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem definidos. Os tenentes exigiam:

·        A moralização da República por meio do voto secreto;

·        A real autonomia dos três poderes;

·        A obrigatoriedade do ensino primário e profissional;

·        O respeito às leis e à justiça.

Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa, os rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.
 Reprimidos pelas tropas governistas, cerca de mil rebeldes formaram a coluna paulista e deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná.
Depois de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos, comandados pelo Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna paulista e da gaúcha nasceu a famosa Coluna Prestes.

As eleições e o movimento de 1930

         Em 1930, de acordo com a política do café do leite, era de Minas Gerais escolher o presidente. Mas o presidente Washington Luís, que tinha sido indicado por São Paulo, decidiu indicar outro paulista para sucedê-lo, Júlio Prestes.
         Os políticos de Minas Gerais reagiram, conseguindo aliados no Rio Grande do Sul e na Paraíba e formando a Aliança Liberal. Para disputar as eleições de 1930, a Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano João Pessoa para vice.
de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos, comandados pelo Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna paulista e da gaúcha nasceu a famosa Coluna Prestes.

As eleições e o movimento de 1930

         Em 1930, de acordo com a política do café do leite, era de Minas Gerais escolher o presidente. Mas o presidente Washington Luís, que tinha sido indicado por São Paulo, decidiu indicar outro paulista para sucedê-lo, Júlio Prestes.
         Os políticos de Minas Gerais reagiram, conseguindo aliados no Rio Grande do Sul e na Paraíba e formando a Aliança Liberal. Para disputar as eleições de 1930, a Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano João Pessoa para vice.

O Segundo 5 de julho

No governo de Arthur Bernardes, em 1924, houve em São Paulo outro tenentismo, o Segundo 5 de julho. Esse movimento, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem definidos. Os tenentes exigiam:

·        A moralização da República por meio do voto secreto;

·        A real autonomia dos três poderes;

·        A obrigatoriedade do ensino primário e profissional;

·        O respeito às leis e à justiça.

Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa, os rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.
 Reprimidos pelas tropas governistas, cerca de mil rebeldes formaram a coluna paulista e deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná.
Depois de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos, comandados pelo Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna paulista e da gaúcha nasceu a famosa Coluna Prestes.

As eleições e o movimento de 1930

         Em 1930, de acordo com a política do café do leite, era de Minas Gerais escolher o presidente. Mas o presidente Washington Luís, que tinha sido indicado por São Paulo, decidiu indicar outro paulista para sucedê-lo, Júlio Prestes.
         Os políticos de Minas Gerais reagiram, conseguindo aliados no Rio Grande do Sul e na Paraíba e formando a Aliança Liberal. Para disputar as eleições de 1930, a Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano João Pessoa para vice.